Decreto de Crise na Saúde é confissão pública de fracasso administrativo

Campo Novo do Parecis: O Decreto nº 297, de 16 de dezembro de 2025, assinado pelo prefeito Edilson Piaia (PL), que declara crise na saúde pública municipal, não pode ser tratado como um simples instrumento administrativo. O ato é, na prática, uma confissão oficial de incompetência gerencial e um atestado de que a atual gestão perdeu o controle de um dos setores mais sensíveis da administração pública.

A chamada “crise” não surgiu de um evento imprevisível, tampouco de uma calamidade sanitária como a pandemia da Covid-19. Trata-se de uma crise administrativa anunciada, construída dia após dia pela falta de planejamento, ausência de liderança e decisões mal executadas. Ao decretá-la após apenas um ano de governo, o prefeito assume publicamente que não conseguiu fazer o básico: organizar, gerir e manter o funcionamento do sistema de saúde.

O decreto escancara o vazio de gestão. Faltou comando, sobrou improviso. A saúde pública foi tratada sem estratégia, sem previsibilidade e sem responsabilidade técnica. O resultado é o colapso: unidades interditadas, procedimentos suspensos, filas intermináveis e a humilhante dependência de outros municípios para atender casos de urgência uma vergonha administrativa para uma gestão que prometeu eficiência.

Longe de ser um gesto de responsabilidade, o decreto funciona como uma tentativa tardia de justificar o injustificável. Não há como culpar heranças, nem fatores externos. Um ano foi mais do que suficiente para organizar equipes, planejar investimentos e corrigir falhas. Não o fazer revela despreparo e total incapacidade de gestão.

Quando a saúde entra em colapso, todo o governo entra em colapso. A falência do setor revela um Executivo fragilizado, desconectado da realidade da população e incapaz de cumprir compromissos básicos assumidos em campanha. O decreto não resolve o problema apenas oficializa o fracasso.

No fim, o Decreto nº 297 não é um instrumento de solução, mas um marco negativo da atual administração. Ele carimba, de forma definitiva, a incapacidade da gestão municipal de governar, enquanto a população de Campo Novo do Parecis segue pagando o preço mais alto: a precarização do direito à saúde.

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